domingo, 8 de abril de 2012

O tempo

O tempo todo pensamos no tempo
enquanto o tempo passa o tempo todo

o tempo, impiedoso, nem sequer nos nota diante das horas, a fazer contas dos minutos que faltam dos segundos que restam das horas que somam os minutos que passam dos segundos que correm ao dobrar as curvas cíclicas do relógio que pulsa
o tempo, ordinário e sem grandes pudores , passa  veloz
por entre nossas pernas e sai do outro lado até alcançar o abismo das horas mortas
E em vão nos damos conta de que o relógio da cozinha
está adiantado por pelos menos três minutos mas não perdemos tempo em acertar as horas; melhor é descontar rapidamente o prejuízo,rodando apenas uma vez a chave na fechadura.
Quando chegamos na esquina percebemos que esquecemos o relógio e gastamos um tempo razoável para localizá-lo, mentalmente, em alguma parte recôndida do aposento recém abandonado.E agora, quanto tempo terá sido roubado, e o tamanho do prejuízo, nem se fala, meu DEUS...
Não será perda de tempo voltar agora na tentativa tola de agarrar o tempo e acorrentá-lo ao pulso...

Há anos abomino os relógios
e acho perda de tempo ficar a pensar nele enquanto ele passa, inexorável diante de nossas pálpebras envelhecendo-se...
Melhor ir colher frutas no quintal

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