domingo, 8 de abril de 2012

Essa matéria musgo
que se enreda
 pelas cordas feito líquen
 nem ao menos toca
as gramaturas da matéria fina

o que brota  da saliva
 está para além de uns portões de ferro

vem cavalgando
na madrugada
e me atinge a medula como uma flecha

um pulso forte
reverbera
 no meio do plexo num latejar dolorido

batidas tolas,
descompassadas
disparam o gatilho

e eu morro
os sentidos frouxos
dilacerados e moles

me sinto abatida
como um animal
num ritual em  sacrifício
aos deuses da floresta
que ainda
nem me emprestaram seu nome

será feito de artérias e sonhos
esses delírios
habitando plenos
minhas  zonas longitudinais ?
de onde viriam 
esses caracóis
enroscados aos fogos dos cabelos

e as algas
que brotam no verde-hera da língua ?

o  sal tomando conta
dos cantos mais recônditos
de um idioma muito antigo
 já quase extinto

nas praças se ouvem
ao longe
 as canções ancestrais

um coro atinge como mel  minha garganta

tambores
e sons abafados
 vêm chegando dos quatro ventos

apenas música
e neblina na paisagem
nua dos sentidos atônitos

alaúdes e araucárias
 emprestam seus corpos
para que os nossos vibrem

o  que sinto agora
nem tem forma e nexo


 é  força de um touro ébrio  dançando blues















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